Repórter Investshop -
Victor Zaremba
Por InvestShop.com
O economista Victor
Zaremba, autor do livro "O Milionário que Existe em Você", tira as principais
dúvidas sobre planejamento financeiro dos clientes do InvestShop.com.
Com uma renda em
torno de R$ 1.500,00, qual seria o melhor planejamento?
Apliquei o FGTS
na Petrobras. Qual a previsão de rendimento em um ano?
Para quem está
iniciando um programa de poupança aos 29 anos, o que fazer para ficar
milionário?
Para uma pessoa
que dispõe de R$ 200 por mês, qual seria a melhor opção de investimento?
Com uma
renda em torno de R$ 1.500,00, qual seria o melhor planejamento? |
Victor Zaremba: Quando abordo em meu livro as
diferentes categorias de ataques (nossa capacidade de ganhar dinheiro)
desenvolvi uma classificação considerando uma família padrão; um casal e dois
filhos. Ela foi elaborada com base na capacidade do ataque em contribuir para a
independência financeira das famílias e é a seguinte:
Categoria do
ataque |
Renda Familiar
Anual (R$) |
|
|
Insuficiente |
Até 12.000 |
Sofrível |
De 12.000 até 20.000 |
Média |
De 20.000 até 40.000 |
Boa |
De 40.000 até 80.000 |
Muito boa |
De 80.000 até 150.000 |
Excelente |
De 150.000 até 250.000 |
Excepcional |
Acima de 250.000 |
Não sei qual a sua
situação pessoal em termos de idade, estado civil, ter filhos ou não.
Considerando R$ 1.500
mensais, sua renda anual seria de R$ 18.000. Se você for solteiro e morar com
seus pais esta renda é mais do que suficiente para desenvolver um plano de
investimento agressivo. Sendo uma pessoa que controle seus gastos você poderá
investir cerca de R$ 1.000 mensais. Se você for casado e tiver dois filhos seu
ataque cairá na classificação de sofrível. Solteiro(a) residindo sozinho ou
casado(a) sem filhos estariam em uma situação intermediária entre os dois
casos.
Se você é solteiro(a) e
mora com seus pais, você tem capacidade de realizar poupança em níveis
elevados. Escolha bons fundos de investimento e diversifique suas aplicações em
renda fixa, derivativos e ações. Sugiro, em princípio alocar 40% em fundos de
renda fixa, 30% em fundos de derivativos com perfil de risco mais baixo e 30%
em fundos de ações, para pessoas com perfil de risco moderado.
Se você se considera
conservador reduza um pouco a alocação em fundos de derivativos e de ações e
aumente o peso nos fundos de renda fixa. Ao contrário, se você considera seu
perfil agressivo, reduza a renda fixa para uns 25% (mas sempre mantendo alguma
coisa em renda fixa) e aumente a alocação em ativos de maior risco.
Se você é solteiro(a) mas
mora sozinho(a), poderá poupar valores menores mas poderá seguir as mesmas
regras dos solteiros que ainda moram com os pais.
Se você é casado(a) as
coisas já começam a complicar um pouco, se tem filhos complicam mais. Por quê?
Porque sua capacidade de poupança não é muito grande, com a renda que você
dispõe terá que aplicar quase tudo que ganha para levar a vida, pagar aluguel
ou a prestação do imóvel, contas de luz, gás e telefone, transporte, comida,
etc... Recomendo a leitura cuidadosa do capítulo do meu livro em que falo sobre
maneiras de aumentar o poder de fogo do ataque: cursos de complementação, busca
de oportunidades em outras empresas, desenvolver suas ferramentas de
relacionamento interpessoal, estar pronto a assumir riscos calculados, entre
outras medidas. Paralelamente ao esforço para melhorar a qualidade de seu
ataque a médio prazo você teria que procurar desenvolver um orçamento familiar
de modo a conseguir poupar e, conseqüentemente, investir pelo menos 5% de sua
renda mensal. Isto pode implicar em sacrifícios no curto-prazo visando mais
conforto a médio-prazo. Caso consiga poupar, recomendo seguir a mesma diretriz
que indiquei nos parágrafos anteriores quando falo dos solteiros(as).
Não se sinta desmotivado
se eventualmente seu nível de rendimento hoje estiver na categoria de sofrível.
Lembre-se de que ataque sozinho não ganha jogo e você sempre pode investir na
melhoria da qualidade dele para poder ser capaz de ganhar mais dinheiro no
futuro.
Apliquei o
FGTS na Petrobras. Qual a previsão de rendimento em um ano? |
Victor Zaremba: Em minha opinião você fez uma boa
opção ao aplicar seus recursos do FGTS em ações da Petrobrás. Dei uma entrevista
para a rádio CBN na qual me perguntaram se eu recomendaria aos ouvintes aplicar
o FGTS na subscrição das ações da Petrobras. Minha resposta foi a de que
recomendaria sim.
Por quê? Porque os fundos geridos pelo
FGTS representam a pior aplicação que se pode fazer em nosso mercado, os
recursos rendem ainda menos do que a tradicional caderneta de poupança. Ora,
ter seus recursos aplicados a 3% ao ano ou correr o risco de ganhar bem mais
investindo em ações da Petrobras me parece uma decisão relativamente fácil de
ser tomada.
Outro aspecto é o de que
os fundos alocados ao FGTS normalmente são recursos a serem investidos com uma
filosofia de longo prazo. Existem regras claras para os recursos serem
utilizados e essas possibilidades de utilização normalmente estão separadas por
longos intervalos. Portanto, investir em ações com uma expectativa de retorno a
prazos mais elásticos me parece muito consistente com objetivos de longo prazo.
Com relação à previsão de
rendimento no prazo de um ano sinto decepcioná-lo ao responder que não posso
lhe dar o número que você deseja saber. Simplesmente porque não sei qual ele
será. Investimentos em ações é um investimento de renda variável. Como o
próprio nome indica o rendimento a ser obtido varia de acordo com uma série de fatores:
performance da empresa da qual somos sócios, juros reais praticados no mercado
de renda fixa, crises nos mercados financeiros internacionais, aspectos
políticos, etc... Até a presente data os fundos de FGTS/Petrobras estão com
rendimento acumulado da ordem de 50% a 60% desde a subscrição. Não tenho como
garantir que o resultado será ainda melhor ou não até que se complete o prazo
de um ano. De qualquer modo tudo indica que as pessoas, que como você, fizeram
a opção não terão motivos para arrependimento. Além disto você não é obrigado a
resgatar a operação ao final de um ano; você pode optar por continuar sócio da
Petrobras por mais tempo se não tiver um uso alternativo imediato para seus
recursos do FGTS e se isso lhe for conveniente.
Para quem
está iniciando um programa de poupança aos 29 anos, o que fazer para ficar
milionário? |
Victor Zaremba: Esta é uma boa idade para começar.
Você não imagina a quantidade de pessoas de 50 anos ou mais que nunca se
preocuparam com este assunto ou não o levaram a sério.
Não existe uma
"receita milagrosa" para o sucesso financeiro. O caminho normalmente
é longo e envolve muita disciplina e trabalho. O básico é se ter o hábito da
poupança contínua, de se procurar sempre melhorar nosso ataque (nossa
capacidade de ganhar dinheiro) sem descuidar da defesa (como gastamos o que
ganhamos) e se aplicar bem os recursos poupados. Sugeriria 25% em fundos de
renda fixa, 25% em fundos de derivativos com perfil moderado de risco e 50% em
fundos de ações se seu interesse é poupar para o longo prazo e seu perfil de
risco é agressivo.
Apenas alguns
números para sua reflexão:
R$ 100 aplicados mensalmente
durante 30 anos viram: cerca de R$ 100 mil se aplicados a 6% reais ao ano; ou
cerca de R$ 210 mil se aplicados a 10% reais ao ano; ou ainda cerca de R$ 570
mil se aplicados a 15% reais ao ano.
R$ 500 aplicados mensalmente
durante 30 anos a uma taxa real de 13% ao ano viram cerca de US$ 1 milhão.
Victor Zaremba: Pelo que pude depreender da
leitura de sua pergunta você é um investidor com perfil de risco agressivo.
Acredito que no seu caso a postura que você está adotando e pretende continuar
adotando seja a mais correta e a única capaz de lhe permitir atingir os
objetivos a que se propõe.
Eu mesmo, quando era mais
jovem adotei uma postura semelhante e procurei maximizar resultados com o
objetivo de gerar um bolo maior a médio-prazo.
Gostaria, entretanto, de
lembrar que o investimento em ações embute riscos e, em princípio, é um
investimento de longo prazo. Sua postura de alocar 75% de seus recursos a este
mercado é bastante agressiva. Os consultores normalmente indicam para
investidores com seu perfil alguma coisa como 25% em renda fixa, 25% em
derivativos de risco moderado e 50% em ações. Outro ponto que não custa lembrar
é que a ganância pode causar sérios prejuízos e fazer o investidor perder o
foco ou buscar mercados cada vez mais arriscados como o mercado de opções, por
exemplo. Quanto mais alta a chance de ganhar maior o risco de perder...
.Portanto, esteja sempre alerta para não cair em armadilhas sendo levado a
cometer grandes erros e procure ser sempre racional em suas decisões.
Victor Zaremba: Esta é uma pergunta bem
interessante. Diria que a pessoa mais voltada para o curto prazo e com menos
propensão ao risco escolheria o concurso público e a mais preocupada com
sucesso a longo prazo e disposta a assumir riscos maiores escolheria o caminho
do MBA. Qual o seu perfil? Antes de seres financeiros somos pessoas comuns de
carne e osso com nossos medos e ansiedades. Obviamente estes fatos pesam em
decisões pessoais.
Vamos explorar mais o
assunto. Qual a melhor forma de alcançarmos estabilidade? Qual a melhor maneira
de nos tornarmos extremamente valiosos para as organizações onde trabalhamos?
Qual o melhor seguro contra tempos de vacas magras no mercado? A resposta é uma
só: eficácia. Temos que ser muito bons no que fazemos. Normalmente ser muito
bom em alguma coisa significa a soma de vários itens: conhecimento,
experiência, determinação, persistência, entre outros. O conhecimento é um dos
itens mais importantes da "receita do bolo". Portanto, em princípio,
quem tem um MBA leva vantagem sobre quem não tem, mas atenção: falei em
princípio. Canudo não é sinônimo de boa formação acadêmica. Não adianta fazer
um mestrado em uma universidade que não vai fazer diferença na prática. Outro
ponto importante: o MBA ou mestrado não aumenta nosso "cacife" apenas
na empresa onde trabalhamos. Ele vai bem mais longe do que isto. Um MBA bem
feito em uma universidade que faça diferença pode ser um excelente passaporte
para novas propostas profissionais e perspectivas futuras bem mais promissoras.
Não tenho nada contra
cargos públicos. Existem vários excelentes e bem remunerados. Mas, normalmente,
as grandes oportunidades estão disponíveis para os que investem alto em si
próprios e se arriscam na iniciativa privada, quer como executivos, quer como
empresários.
Milhares de jovens do
mundo inteiro, a maioria na faixa de 24 a 28 anos, disputam todos os anos as
vagas disponíveis para cursos de MBA nas universidades de ponta dos Estados
Unidos (Harvard, MIT, Duke, Princeton, Stanford, Wharton, etc...). Por quê
será? Acho que a resposta é óbvia.
Lembre-se ainda que os
bons cursos de mestrado são caros, um MBA no exterior em uma universidade de
primeira linha pode custar algo como US$ 50.000 por ano. Portanto, se você
planeja um mestrado sugiro que se antecipe, verifique as bolsas disponíveis e o
que é necessário para obtê-las e procure tomar as medidas necessárias para se
qualificar para uma delas.
Para uma
pessoa que dispõe de R$ 200 por mês, qual seria a melhor opção de
investimento? |
Victor Zaremba: Antes de responder a sua pergunta
gostaria de colocar alguns números para sua reflexão:
R$ 200 aplicados
mensalmente durante 30 anos viram: cerca de R$ 200.000 se aplicados a 6% reais
ao ano; ou cerca de R$ 420.000 se aplicados a 10% reais ao ano; ou ainda cerca
de R$ 1.140.000 se aplicados a 15% reais ao ano.
Você deve ter percebido
claramente o impacto dos juros compostos ao longo do tempo e a diferença que
faz aplicarmos melhor ou pior nosso dinheiro no dia a dia.
Se você está começando
seu programa de investimento agora e não dispõe de nenhuma reserva já acumulada
terá que ter muita disciplina e paciência para ver o bolo crescer. No início
será um pouco frustante ver o dinheiro crescer devagar.
Minha
recomendação seria a seguinte:
Aproveite que já se
utiliza do Investshop.com e verifique quais são os fundos
de renda fixa, derivativos e de ações que receberam nota máxima do Invest
Tracker e que aceitem aplicações a partir de R$ 200. Se você tiver um
perfil conservador quanto a risco aplique 60% em fundos de renda fixa, 25% em
fundos de derivativos moderados e 15% em fundos de ações. Mesmo uma pessoa
conservadora em seus investimentos deve alocar parte de seus recursos aos
chamados ativos de risco, por isso a recomendação de 15% serem aplicados em
fundos de ações. Caso seu apetite quanto à disposição de assumir riscos for
maior poderá reduzir o peso dos fundos de renda fixa e aumentar os de
derivativos e de ações. Mesmo para os mais agressivos sugiro manter pelo menos
25% dos recursos em fundos de renda fixa.
Tudo indica que
caminhamos para juros reais mais baixos nas aplicações de renda fixa, portanto
a única maneira de atingir 10% ou 15% ao ano reais de valorização de seu
patrimônio será estar disposto a assumir um pouco mais de risco. Creio que uma
proporção como 30% em fundos de renda fixa, 30% em fundos de derivativos de
risco moderado e 40% em fundos de ações seja uma proporção adequada para quem
pretende investir a longo prazo para atingir a independência financeira. Esta
alocação se aplica a investidores dispostos a assumir riscos, este pode não ser
o seu caso. Não custa lembrar que antes de sermos seres financeiros, somos
pessoas comuns com nossos medos e ansiedades, se assumir risco demais lhe causa
desconforto é melhor ganhar menos e dormir mais tranqüilo, independentemente
dos resultados a serem eventualmente obtidos.
Você poderá aplicar R$
200 em um fundo de renda fixa no primeiro mês, no segundo mês seria a vez do
fundo de derivativos moderado e no terceiro o de ações. Vá fazendo suas
aplicações e quando o bolo já tiver um tamanho razoável estude fundos que lhe
possam, eventualmente, proporcionar melhores resultados. Como você vai
verificar ao sondar as diversas alternativas de fundos disponíveis existem
alguns que só aceitam aplicações a partir de determinados valores.
Victor Zaremba: Em primeiro lugar gostaria de
cumprimentá-lo por sua postura. Quando lancei meu primeiro livro, o "Você:
prioridade no. 1" fiz uma pesquisa no eixo Rio - São Paulo que indicou que
menos de 20% das pessoas se preocupavam com seu futuro financeiro em termos de
plano para aposentadoria. A conscientização da importância de se ter uma
situação financeira melhor amanhã é o primeiro passo para que possamos
construir um futuro de sucesso nesta área.
Considerando que você
possui a disciplina requerida aos bem sucedidos financeiramente minha opinião é
a de que você mesmo deve cuidar do seu dinheiro. Como seu objetivo é de longo
prazo considero que o melhor veículo seja o mercado de ações. Entretanto como
manda a boa prática nunca devemos colocar todos os ovos na mesma cesta.
Sugeriria 25% em fundos de renda fixa, 25% em fundos de derivativos com perfil
moderado de risco e 50% em fundos de ações.
Com relação a
investimentos em ações gostaria de lembrar alguns pontos:
investir em ações significa, em
princípio, investir a longo-prazo;
o investidor que não domina o mercado
e/ou as ferramentas de análise de empresas individuais deve canalizar seus
investimentos via fundos de ações;
a escolha desses fundos deve ser
feita com muito cuidado, ao comprar cotas de um fundo de ações você está
escolhendo o gestor de seus recursos - trate do assunto com o mesmo cuidado que
tomaria para escolher um cirurgião para operá-lo; e
não se deve colocar todos os
recursos disponíveis no mercado de ações, mesmo os investidores agressivos
devem preservar parte de seus recursos em renda fixa ou outros ativos de menor
risco.
Não tenho nada contra os
fundos de aposentadoria e previdência, julgo inclusive que os mesmos podem ser
um bom veículo de poupança para aqueles que não possuem a disciplina necessária
para conduzir suas vidas financeiras. Mas lembro que alguns deles cobram
elevadas taxas de administração e ainda retêm uma parcela do rendimento que
excede o alvo estabelecido como parâmetro de rendimento.
Com relação a
imóveis gostaria de lembrar alguns pontos:
normalmente o investimento em
imóvel representa um valor significativo;
é preciso que se compre muito bem
a sala ou o apartamento - não hesite em "pechinchar";
dê preferência a bairros com
potencial de expansão e de valorização se seu objetivo é de longo prazo;
se seu objetivo é apenas um fluxo
de aluguel determine o valor máximo que pode pagar no imóvel considerando o
aluguel de mercado para o imóvel que pretende comprar;
lembre-se sempre de preservar sua
liquidez - nas horas de aperto acabamos "queimando" um imóvel por
valor abaixo do mercado;
imóvel vazio significa despesa:
IPTU, condomínio, etc; e, infelizmente, existe sempre o risco de inadimplência
por parte do inquilino. Imóvel pode ser um bom investimento como outro qualquer
desde que seguidas as mesmas regras de bom senso e racionalidade.
Vale também o velho
ditado de não se colocar todos os ovos em uma mesma cesta. Se você se sente bem
investindo em imóveis limite o peso deles em sua carteira de investimentos a
algo como, no máximo, 50% de seus ativos geradores de renda.
Victor Zaremba: Com relação a investimentos em
ações gostaria de lembrar alguns pontos
investir em ações significa, em
princípio, investir a longo-prazo;
o investidor que não domina o
mercado e/ou as ferramentas de análise de empresas individuais deve canalizar
seus investimentos via fundos de ações;
a escolha desses fundos deve ser
feita com muito cuidado, ao comprar cotas de um fundo de ações você está escolhendo
o gestor de seus recursos - trate do assunto com o mesmo cuidado que tomaria
para escolher um cirurgião para operá-lo,
não se deve colocar todos os recursos
disponíveis no mercado de ações, mesmo os investidores agressivos devem
preservar parte de seus recursos em renda fixa ou outros ativos de menor risco.
Portanto, em princípio, a
não ser que você seja um investidor mais sofisticado indico o caminho dos bons
fundos como a primeira alternativa a ser considerada. Obviamente a escolha
do(s) fundo(s), como afirmo acima, é importantíssima. Um fundo bem gerido pode
triplicar, em termos reais, seu capital em cinco anos (25% reais ao ano)
enquanto um fundo mal gerido pode fazer você perder dinheiro no mesmo prazo.
Com relação a opinião
sobre setores econômicos a serem indicados, gostaria de dizer que indicar
setores não me parece a melhor resposta. Em um cenário de recuperação econômica
todos os setores acabam se beneficiando do progresso, é claro que uns mais
rapidamente que outros. Mas a indicação de setores é perigosa.
Na realidade o que valem
são as empresas. Nos diversos setores da economia existem empresas muito bem
geridas e existem outras que são mal administradas. As boas empresas são
preocupadas com o relacionamento com o acionista minoritário, aproveitam as
crises para absorver concorrentes menos competentes a preços vantajosos,
possuem visão de longo prazo, implantam planos de expansão bem estruturados,
possuem boa saúde financeira, produzem bons resultados.
Mas como escolher
as empresas certas? Como fugir das Mesblas e Mappins da vida? Como escolher as empresas
vencedoras e errar o passo o menos possível?
Esta é a pergunta do
milhão de dólares. Os gestores sérios de fundos de ações possuem os chamados
Departamentos de Pesquisa ("Research") onde trabalham vários
analistas cuja responsabilidade é a de analisar as empresas com ações
negociadas no mercado em busca da resposta para sua pergunta. Um "Analista
Junior" de um bom banco de investimento ganha algo como R$ 60.000 a R$
80.000 por ano entre salários e bônus, os mais experientes ganham várias vezes
isso. Pelo esforço desenvolvido por esses gestores e pelo custo de seus
departamentos de pesquisa você já pode visualizar a importância do tema.
O investidor comum
normalmente não domina as técnicas ou não possui o tempo disponível para
realizar as análises necessárias para se procurar estabelecer o chamado
"preço justo da ação". Estas análises envolvem o estudo do mercado
onde a empresa atua, contatos com seus executivos das empresas estudadas,
projeção de resultados para os próximos anos e desconto de fluxo de caixa
previsto, entre outros aspectos que são cobertos pelos analistas.
A partir dessas análises
surgem as famosas recomendações de compra emitidas pelos analistas. A
terminologia das recomendações variam. Algumas instituições usam, por exemplo:
Comprar, manter (+), manter (-), e vender; outras usam "top pick"
(seleção preferencial), "buy" (comprar), "hold" (manter), e
"sell" (vender). Normalmente a recomendação mais forte de compra de
cada instituição surge quando suas análises indicam que o papel da empresa tem
um potencial de alta acima de 25%; a recomendação de compra surge quando o
papel possui potencial de alta digamos entre 10% e 25%; a de manter quando o
potencial de alta é de no máximo 10% e a de vender quando a ação já atingiu o
preço justo ou está acima do mesmo.
Portanto, o
"segredo" é identificar as empresas que estão com suas ações defasadas
o mais cedo possível e comprá-las com o "desconto". Depois é ter a
paciência de esperar o mercado reconhecer que os papeis estão baratos e
corrigir a defasagem. Uma vez a defasagem corrigida é preciso se ter a
disciplina de vender os papéis na hora certa,independentemente dos humores do
"mercado".
Atenção: bons gestores também cometem
erros. Vez por outra uma empresa recomendada por alguma instituição não
corresponde às expectativas, quer por problemas internos quer por dificuldades
causadas pela conjuntura econômica ou pelos concorrentes. O importante é se
acertar bem mais do que se erra e realizar uma diversificação inteligente dos
ativos. Não é prudente colocar todos os recursos em um único ativo, mas também
não adianta diversificar em 30 empresas diferentes. Considero um bom número
para diversificação algo como 10 empresas de diferentes setores todas com forte
recomendação de compra dadas por instituições sérias atuantes no mercado.
Outro ponto é o de que as
análises desenvolvidas pelos departamentos de pesquisa seguem a chamada escola
fundamentalista, ou seja estudam os fundamentos da empresa. Essas análises não
tem nada a ver com as chamadas análises técnicas ou gráficas, que procuram
antecipar o comportamento do preço das ações em função do que vem ocorrendo com
os preços e volumes de negociação da mesma no mercado.
Como você pode ver o
assunto não é simples como pode parecer. Na verdade boa parte das pessoas, por
não possuir a menor noção sobre as respostas para a pergunta que você formulou,
operam na base das famosas "dicas", dicas que na maioria das vezes
produzem prejuízos e não lucros.
Outro caminho que você
pode considerar é o de colocar parte de seus recursos em fundos de ações muito
bem administrados e colher os frutos do trabalho do departamento de pesquisa do
banco via fundo.
Caso você tenha interesse
em se aprofundar um pouco mais sobre as rodovias que levam ao sucesso
financeiro sugiro ler meu novo livro: "O
Milionário que existe em você" - Ed. Record, bem como meu segundo
livro: "Cuidando do seu dinheiro"- Ed. Saraiva. No livro
"Cuidando do seu dinheiro" você encontrará um capítulo específico
sobre fundos de ações, incluindo um ranking de performance dos mesmos.
Recomendo ainda a leitura de um livro sobre a filosofia de investimento seguida
pelo mega investidor Warren Buffet.
Para finalizar
algumas ações que vem sendo recomendadas por analistas (em agosto de 2000) com
que tenho contato: Pão de Açúcar, Gerdau,
Gerdau Metalúrgica, Perdigão, Sadia, Petrobrás,
BR Distribuidora, Telemar, CRT fixa,
Cemig, Metropolitana,
Itausa, entre outras."
Victor Zaremba: Estamos falando de uma aplicação
de curto prazo. Considero aplicações de 30 dias como de curtíssimo prazo.
Com relação a seu item 1)
aplicação totalmente sem risco, gostaria de dizer que todas as
aplicações financeiras possuem algum tipo de risco. É verdade que em alguns
casos ele pode ser bem baixo, mas quando falamos em dinheiro o risco sempre
está presente. Dinheiro guardado no cofre do banco pode ser roubado, escondido
embaixo do colchão pode queimar, etc...
Considerando os prazos e
o patamar de valor envolvido sugeriria:
Aplicação com baixo
nível de risco:
30 dias: com R$ 70.000 você será capaz de
negociar uma taxa cheia (quase igual a do CDI) para um certificado de depósito
bancário (CDB). A expectativa de rendimento estaria na casa de 1,26% ao mês
brutos. O imposto de renda seria de 20% sobre o rendimento.
60 dias: minha sugestão seria a mesma que
no caso de 30 dias. A expectativa de rendimento seria a mesma, na ordem de
1,26% ao mês, o que significaria um rendimento acumulado bruto em dois meses da
ordem de 2,535% para o período. O imposto seria de 20% sobre o rendimento.
Por quê estou sugerindo
CDB e não um fundo de renda fixa? Porque com o montante que você dispõe para
investir conseguirá melhor resultado negociando a taxa com o gerente do banco
para um CDB do que aquele propiciado pela maioria dos fundos de renda fixa.
Quanto ao aspecto risco, sugiro que negocie seu CDB com um banco
reconhecidamente sólido e de primeira linha.
Aplicação 50% com
baixo nível de risco e 50% com moderado nível de risco:
Antes de dar minha
sugestão gostaria de dizer que nos prazos de aplicação envolvidos (30 e 60
dias) assumir riscos pode ser uma faca de dois gumes, ou seja no curto prazo as
chances de sua aposta dar certo tem quase as mesmas possibilidades de dar
errado. Feita esta ressalva que considero importante, segue minha sugestão:
30 dias: o prazo é curto demais para
diversificar e assumir riscos. Minha recomendação seria concentrar todos os
recursos em um bom CDB e não assumir riscos.
60 dias: voltando a reforçar o aspecto
risco x curto prazo, caso você queira arriscar recomendaria:
R$
20.000 em um CDB por 60 dias. Rendimento esperado na faixa de 1,22% ao mês brutos, que
para o período de 60 dias daria um rendimento bruto acumulado da ordem de
2,45%. Imposto de renda de 20% sobre o rendimento.
R$
50.000 em um fundo de derivativo de perfil de risco moderado, tomo a liberdade de sugerir o IP Gap Hedge, que aceita aplicações a partir de R$ 50.000 e
é um fundo bem administrado, para que você estude o histórico de resultados do
mesmo.
Se sua aposta der certo,
vamos supor que o IP Gap Hedge renda 10% acima da taxa do CDI no período de 60
dias o que significaria um rendimento bruto acumulado em dois meses da ordem de
2,84%. O imposto de renda seria de 20%sobre o valor do rendimento.
Vamos a um
sumário dos resultados líquidos previstos, após dedução de imposto de renda:
Valor aplicado R$ 70.000
Aplicação de
baixo risco |
Aplicação de
risco moderado |
|
|
30 dias - R$ 70.705,60 |
30 dias - R$ 70.705,60 |
60 dias - R$ 71.419,60 |
60 dias - R$ 71.528,00 |
Como você pode ver pela
tabela acima as alternativas para 30 dias produzem o mesmo resultado uma vez
que a minha recomendação foi a de não assumir riscos em prazo tão curto. No
caso das alternativas para 60 dias a aplicação de risco moderado produz um
resultado um pouco melhor, assumindo que o fundo de derivativos superaria o
rendimento do CDI em 10% no prazo de 60 dias. O fundo que recomendei você
analisar vem superando o CDI com folga em períodos de 12 meses, mas curto prazo
é curto prazo. A título de informação, se o fundo de derivativos superasse o
rendimento do CDI em 20% no período de 60 dias o valor final a ser obtido seria
de R$ 71.630.
Como você pode notar as
diferenças de taxas um pouco maiores não produz um impacto muito grande no curto
prazo. A decisão do que fazer é, e sempre será, sua.
Para um prazo tão curto e
imaginando que você já tenho comprometimento para os recursos daqui há dois
meses prefiro ser prudente e não recomendar investimentos em ações.
Victor Zaremba: Você dispõe de R$ 107.000. Já é um
valor expressivo. Com um montante deste porte você já pode pensar em fundos de
investimento mais estruturados e com resultados superiores à média do mercado.
A decisão a ser tomada depende muito do seu perfil de risco e de sua capacidade
de ver seu patrimônio oscilar no curto prazo enquanto busca resultados de longo
prazo.
Primeiro vamos comentar
sua posição atual. Pelo que você afirmou seus recursos estão em um Fundo DI de
um grande banco. Trata-se de um fundo de renda fixa atrelado ao CDI de um
grande banco de varejo e de primeira linha. Um investimento seguro em um banco
forte, lastreado por títulos emitidos pelo governo brasileiro. O risco
existente seria o de uma moratória ou um default parcial da dívida, hipótese
pouco provável, a curto prazo, no atual cenário. Vejamos alguns resultados de
fundos DI e de fundos de renda fixa de bancos comerciais ou de investimento de
primeira linha e respectivas taxas de administração:
Fundo |
Rendimento até
01/09/00 |
Taxa de
administração |
|
|
|
BB Fix DI 60 |
11,12% |
1,0% |
Santander Maxi DI |
11,28% |
1,0%. |
Pactual Yield DI |
11,69% |
0,6% |
Opportunity DI |
11,52% |
0,5% |
BB Premium |
11,66% |
1,0% |
Liberal Tradicional FIF |
12,13% |
0,4% |
Pactual High Yield |
12,08% |
1,0% |
Caso você desejasse
manter seus recursos integralmente em renda fixa, recomendaria estudar a
mudança de posição para um fundo mais rentável e com o mesmo perfil de risco.
Pelas taxas acumuladas em 8 meses do ano tudo indica que os fundos apresentados
na tabela acima superariam a rentabilidade do fundo que você aplicou em 2% a 3%
ao ano.
Para quem possui R$ 107
mil a diferença de rendimento representaria de R$ 2.000 a R$ 3.000 a mais de
juros brutos ao ano.
Mesmo em um ano R$ 2.000
ou R$ 3.000 já representam uma diferença significativa. Poder reaplicar esta
diferença todo ano ao longo de 30 anos a juros 2% ou 3% ao ano representa uma
enorme diferença para o seu bolso (R$ 2.000 ao ano a 2% de juros a mais
significam R$ 80.000 a mais de patrimônio depois de 30 anos; R$ 3.000 ao ano a
3% significam R$ 140.000 a mais).
Este pequeno exemplo
segue o que digo em meu segundo livro, o "Cuidando do seu dinheiro";
que os melhores fundos nem sempre estão no banco da esquina. As vezes uma
simples decisão pode representar uma grande diferença a longo prazo para sua
saúde financeira.
A decisão da compra ou
não de um imóvel, muitas vezes possui outras implicações que fogem simplesmente
ao aspecto de uma decisão financeira. Podemos estar querendo um imóvel
específico que atenda a nossas necessidades pessoais de sentimento de
segurança, no qual possamos fazer obras e mudanças sem nos preocuparmos com o
proprietário do imóvel, entre outras razões.
Se estes aspectos
não estão em jogo e sua decisão é unicamente financeira vamos lá:
Você paga R$ 700 de
aluguel. Teoricamente, considerando uma relação de 0,7% de aluguel sobre o
valor do imóvel, estaria residindo em uma casa ou apartamento que vale cerca de
R$ 100 mil. Imagino que se decidir não comprar um imóvel continuará residindo
onde está por mais algum tempo.
Entendo que estaria
comprando um imóvel pronto. Este fato reduz o potencial de futura valorização;
você não estaria comprando na planta e ganhando a potencial valorização do
"projeto que se tornou realidade".
Na sua pergunta indica o
desejo de comprar um imóvel de R$ 130 mil e que possui R$ 107 mil, além disto
terá as despesas usuais com escritura, imposto de transmissão, mudança, etc...
Vamos estimar estas despesas em R$ 5.000. Assim sendo, precisará de R$ 28.000
de financiamento para fechar o buraco.
O pagamento desses R$
28.000 irá impossibilitar que realize poupança destinada a investimento por
algum tempo. Digamos que você leve de quatro a cinco anos amortizando sua
dívida e juros da mesma, considerando que pague de amortização o que paga hoje
de aluguel.
Quanto deverá valer seu
imóvel daqui há cinco anos? Você pagou por ele R$ 130.000. Vamos assumir que
ele valorize 6% reais ao ano. Ao final de 5 anos ele valerá R$ 174.000, dos
quais você deve deduzir 5% da comissão do corretor na hora da venda, o valor
líquido seria de R$ 165.000. Ele seria, teoricamente, seu único ativo.
Vamos supor que você
decida não comprar e que redirecione seus investimentos de modo a ter um
resultado melhor que o atualmente obtido com 100% dos recursos em renda fixa.
Para isto você terá que ser mais agressivo em termos de disposição para assumir
riscos. Sugiro 30% em fundos de renda fixa, 30% em fundos de derivativos com
perfil moderado de risco e 40% em bons fundos de ações. Com uma alocação bem
feita em fundos de boa qualidade você poderia considerar ganhos reais na faixa
de 12% ao ano após imposto de renda para um período de 5 anos. Partindo de R$
107.000 isto significa dizer que você poderia ter algo como R$ 188.000 ao final
de 5 anos.
Outra consideração é a
liquidez. Ao ter um imóvel como seu único ativo você poderá enfrentar
dificuldades caso tenha uma emergência e não possa dispor de recursos. Poderá
ser forçado a tomar um empréstimo temporário para cobrir alguma despesa
imprevista, empréstimo pelo qual pagará caro ao banco. Estes custos não estão
incluídos nos cálculos acima.
Os números apresentados
acima são previsões que, obviamente, podem não se materializar. A decisão de
comprar ou não, embora lastreada em exercícios numéricos, não é 100% segura
quanto aos resultados que serão obtidos.
Em princípio, diria que
se você não sofre da síndrome da segurança da casa própria, se é uma pessoa
disciplinada do ponto de vista financeiro e se estiver disposto a ser mais
agressivo em seus investimentos deveria considerar a hipótese de continuar
aplicando seu dinheiro no mercado financeiro. Lembro, entretanto, que esta é
uma decisão muito pessoal e que pessoas no passado se arrependeram de ter
vendido um imóvel para aplicar em ações e ver o patrimônio se reduzir por tentarem
investir em um mercado que não conhecem. Daí minha recomendação de investir
cerca de 40% dos recursos em ações apenas através de bons fundos a menos que
você esteja muito bem familiarizado com o mercado.
A decisão do que fazer
com seu dinheiro é, e sempre será, apenas sua.