Quando um grupo de investidores resolve montar
uma empresa eles têm que decidir o valor do capital social da
firma. Este é o valor inicial que eles vão investir. Eles também têm que
estabelecer o número de ações em que este valor será dividido. Quer dizer: cada
ação representa uma parte do capital social da firma. O número de ações
recebido por cada investidor - ou acionista - depende do valor que ele
investiu. Se o capital social inicial da empresa é R$1.000.000 e é estabelecido
que cada ação terá um valor inicial de R$1, um acionista que investe R$100.000
receberá 100.000 ações.
Vamos imaginar que, no primeiro ano, a empresa
tenha lucro e os acionistas aceitem a proposta da diretoria de reinvestir 75%
do total deste lucro na firma. O saldo de 25% (não pode pagar menos que 25%,
após certas deduções), então, seria distribuído aos acionistas.
O valor distribuído se chama dividendo.
Se um acionista possui 10% das ações da firma, ele recebe 10% do dividendo. O
pagamento do dividendo pode ocorrer uma vez por ano ou até mensalmente.
Note que se, no primeiro ano de operação, a
firma tiver prejuízo, dificilmente um dividendo seria pago. Não é sempre assim:
se a firma tiver prejuízo após vários anos de lucro, provavelmente seria pago
um dividendo usando lucros reinvestidos anteriormente.
Que é a Bolsa de Valores
O que acontece se um de nossos acionistas
quiser vender sua participação na empresa? Ele pode vender suas ações para um outro
investidor, mas provavelmente ele terá dificuldade em encontrar um interessado.
E se achar seria difícil para as duas partes chegarem a um preço comum para a
transação. A bolsa ajuda superar estes problemas.
Após satisfazer certas condições, a empresa
pode se registrar numa bolsa de valores (como a Bolsa de São Paulo) e ter suas ações
"cotadas" publicamente. Isso significa que o acionista que desejar
vender suas ações pode anunciar para todo mundo, através da bolsa (usando uma
corretora), a quantidade de ações que deseja vender e o preço pretendido. De
maneira semelhante uma pessoa que quer comprar ações da firma pode anunciar a
quantidade de ações que deseja comprar e o preço que pagará.
Com vários compradores e vendedores potenciais em atividade alguns logo
chegarão a um acordo sobre preço e negócios serão fechados. Durante o dia as
ofertas de compra e venda, e os preços pagos, são expostos num quadro na bolsa
(e em telas de computador no país inteiro). E no dia seguinte um resumo das
operações é publicado pela bolsa e pelos jornais. Tipicamente este resumo contém,
para cada ação (ou "papel"), o preço no início e no fim do pregão
(preço de abertura e de fechamento), os preços máximo, mínimo e médio, e a
variação com relação ao dia anterior.
Também contem a quantidade de ações negociadas,
e possivelmente o número de transações individuais. Assim vemos que a primeira
vantagem da bolsa é:
·
um mercado onde
investidores, sob condições normais, podem comprar e vender ações com
facilidade e transparência.
·
Venda de novas
ações.
A grande vantagem da bolsa, no entanto, é a
oportunidade que ela oferece para nossa empresa de obter dinheiro novo para
investir, através da venda de novas ações. Uma vez "listada"
(registrada) em bolsa a firma será estudada por analistas e investidores. Se
eles acharem que seu potencial para produzir lucro for bom, eles recomendarão a
compra de suas ações. Na medida que as ações atraírem compradores seus preços
tenderão a subir. Isso beneficiará a empresa quando decidir vender novas ações:
o preço da venda da subscrição é normalmente estabelecido a partir do preço da
ação negociada em bolsa (geralmente é um pouco menor).
Quanto mais alto o preço da nova ação, mais
barato será o custo do capital obtido. Ações novas não são vendidas no pregão
mas normalmente podem ser encomendadas ao banco encarregado da venda através da
bolsa por uma corretora. Ou podem ser compradas diretamente ao banco pelo
interessado. É claro que, se os analistas acharem que as perspectivas da firma
são ruins, o preço de sua ação provavelmente cairá.
Uma fonte alternativa de capital
Se o reinvestimento de lucro for insuficiente para financiar os investimentos
pretendidos, a empresa tem outras opções para obter capital, além da emissão
de novas ações. Pode pedir um empréstimo no banco ou pode vender bônus. Bônus
(debêntures, por exemplo) são títulos
subscritos por investidores, através de corretoras, de maneira parecida com
ações. Além de companhias e bancos, governos também emitem bônus.
Diferente de ações, os bônus pagam juros sobre o valor emprestado e após um
período predefinido de, tipicamente, 1 a 5 anos, o valor original emprestado
é devolvido para o investidor.
Freqüentemente os bônus também podem ser
comprados e vendidos após sua emissão. Mas mesmo que o valor de um bônus varie
durante sua vida, como resultado destas transações, sempre terá seu valor
original no seu vencimento.
Para uma empresa, há uma diferença fundamental
entre capital levantado em forma de ações e em forma de bônus. Primeiro,
enquanto a firma pode reduzir os dividendos pagos aos acionistas num ano em que
o lucro for pequeno, não pode reduzir os juros pagos aos detentores dos bônus.
Em contrapartida, enquanto a posse de ações dá
ao investidor uma participação direta nos lucros da firma, e certos poderes
sobre sua administração (um voto na assembléia geral, por exemplo, no caso de ações ordinárias), os direitos dos debenturistas se
restringem ao valor emprestado e os juros incidindo sobre o mesmo. Segundo: se
o preço da ação da empresa for alto, provavelmente custaria menos levantar novo
capital através da venda de ações, especialmente se o nível de juros na economia
for também alto; e se o preço da ação da empresa for baixo, seria mais
interessante emitir debêntures, especialmente se os juros estão baixos. Se uma
empresa tem muito capital em forma de bônus (sobre o qual é obrigada a pagar
juros fixos), é considerada muito "alavancada"
por causa do maior risco que ela corre de passar por dificuldades financeiras
Uma carteira teórica das ações mais líquidas
da bolsa.
É importante, até para um novato da bolsa de
valores, conhecer o Índice Bovespa (ou Ibovespa).
Quando dizem que o "mercado" subiu 5%, não é a média do mercado
todo que subiu, mas o Índice. O Ibovespa nada mais é que o valor de um conjunto
das ações mais negociadas (mais "líquidas") da bolsa. É uma carteira
teórica que tem sido elaborada ininterruptamente desde 02/01/68.
As ações que fazem parte da carteira são
escolhidas de acordo com uma fórmula que considera tanto o número de transações
de compra e venda, quanto o valor destas transações, nos 12 meses que antecedem
o cálculo. A composição do Índice é representativa de 80% do valor negociado no
período. Dependendo de sua liquidez (medida por um "índice de
negociabilidade"), para cada ação é alocado um peso no Índice, que se
traduz em um determinado número de ações da empresa em questão na carteira
teórica. A Telebrás PN (de fato agora um "recibo" que representa um
conjunto de ações do antigo grupo Telebrás) foi a mais negociada em 1998 e por
isso tem o peso maior do Índice atual: 38%.
A cada 4 meses a composição do Índice é
recalculada, em base das transações efetuadas nos 12 meses anteriores. As
quantidades de cada ação na carteira só mudam, entre as datas em que é feito o
recálculo, em função de pagamento de dividendos, venda de direitos de
subscrição ou recebimento de bonificação de novas ações. Qualquer valor
(teórico) recebido nos dois primeiros casos é considerado reinvestido em novas
ações e estas estão acrescidas, junto com novas ações geradas por bonificação,
à quantidade previamente definida.
Durante o pregão o Índice é atualizado
continuamente para refletir as alterações nos preços de suas ações
constituintes. Como no caso de ações individuais, além da divulgação em tempo
real durante o pregão, o valor do Índice na abertura e no fechamento do pregão,
e seus valores máximos, mínimos e médios durante o pregão, são publicados nos
jornais no dia seguinte.
Normalmente uma empresa cria dois tipos de
ações:
·
ordinárias e
·
preferências.
O número de preferenciais não pode
ultrapassar 2/3 do número total de ações.
Algumas empresas, no entanto, só têm ações
ordinárias. As ações ordinárias dão a seus
detentores o direito de votar na assembléia geral onde, entre outras coisas, se
elegem o Conselho Administrativo da companhia (é o Conselho que elege os
diretores).
As ações preferenciais
só têm direito a voto em situações muito restritas. Em contrapartida, se
definido no estatuto da empresa, podem ter direito de (entre outras coisas)
receber um dividendo mínimo ou fixo, como percentagem do lucro ou do capital
social. Se não tiverem nenhuns destes direitos, são garantidas dividendos 10%
maiores que os dividendos pagos às ordinárias.
Formas
Nominativas
Cautelas ou certificados que
apresentam o nome do acionista, cuja transferência é feita com a entrega de
cautela e a averbação de termo, em livro próprio da sociedade emitente,
identificando novo acionista.
Escriturais
Ações que não são representadas
por cautelas ou certificados, funcionando como uma conta corrente, na qual os
valores são lançados a débito ou a crédito dos acionistas, não havendo
movimentação física dos documentos.
1)
Se puder
precisar de seu capital nos próximos 5 anos, não o invista em ações.
2)
Se não utilizar
a técnica certa é possível que nem em 10 anos vá ter retorno.
3)
Se não for
capaz de ver seu investimento cair em 50% sem se desesperar, também não invista
em ações.
4) Se não puder investir R$10.000 ao longo de
um ano (em ações e renda fixa), por enquanto aplique seu capital, meio a meio,
em um fundo de renda fixa (ou poupança) e um fundo
de ações que reflita a composição do índice Bovespa.
1)
Tudo tem risco. Com a técnica certa, que para um investidor
defensivo não é difícil de aprender, a chance de perder com uma carteira de
investimentos, corretamente montada, que é mantida durante, vamos dizer, 5
anos, é pequena.
2)
Historicamente,
em mercados desenvolvidos, investimento em ações tem oferecido um retorno
significativamente maior - e maior proteção contra inflação - que
investimento em renda fixa.
1)
Enquanto
qualquer novato, com um razoável volume de capital a sua disposição, consegue
um rendimento igual ao mercado (representado, por exemplo, pelo índice
Bovespa), a maioria dos fundos de ações não tem sido capaz deste feito. (Para
não sermos injustos devemos reconhecer que se a grande parte do mercado fosse
composta de fundos, uma metade deles teria, obrigatoriamente, resultados abaixo
da média.
2)
Como a primeira
observação deixa claro, nem os especialistas conseguem fazer previsões
precisas: o futuro, realmente, a Deus pertence.
3)
Uma combinação
de renda fixa e ações produz um mistura ideal de rentabilidade e baixo risco. A menor volatilidade da renda fixa (sim,
o valor, em certas aplicações pode cair!) compensa em parte a alta volatilidade
da bolsa porque juros altos tendem a coexistir com ações em baixa, e vice
versa. E enquanto ações oferecem uma certa proteção contra inflação, esta
praga pode reduzir o rendimento real da renda fixa.
4)
Em longo prazo,
o desempenho de ações - se compradas a preços históricos médios - acompanha o
desempenho dos lucros das empresas. Quer dizer: um investimento em ações é
um investimento no setor produtivo da economia. Se, como esperamos, a
economia do Brasil, a partir deste novo milênio, voltar a crescer com vigor, as
empresas e suas ações vão se beneficiar.
5)
Exceto em
situações muito especiais, rigorosamente ninguém sabe o verdadeiro valor (ou
valor "justo" ou "intrínseco") de uma ação. Teoricamente é
o valor hoje de todos as receitas a serem embolsadas durante a vida da
companhia pelo detentor do papel. Mas ninguém sabe nem o valor aproximado
destas receitas porque depende da evolução de uma multiplicidade de variáveis.
Na verdade o valor justo da ação terá uma ampla faixa de possíveis valores.
Pior, o efeito é alavancado: uma pequena variação em determinadas variáveis
produz uma grande variação na estimativa do valor justo da ação. É por isso que
há grande volatilidade nos preços das ações. É também a razão porque se
encontra com freqüência ações supervalorizadas ou subvalorizadas.
Dois mundos de investimento em ações.
Há dois mundos de investimento em ações
e um abismo entre eles. O primeiro é habitado por figuras excitantes e
exóticas: growth companies (empresas de crescimento acelerado), turnarounds
(empresas que passam de quase-falência para lucro), cíclicas (empresas
cujas vendas e lucros seguem um ciclo), asset plays (empresas que têm
ativos valiosos mas poucos sabem disso), etc.
O segundo tem entes sem cor e meio chatos:
margem de segurança, diversificação, longo prazo, risco. O primeiro mundo é o
mundo do profissional (que não, por isso, necessariamente faz sucesso - pode
ganhar bem administrando mal o dinheiro dos outros) que dedica 10 horas por dia
a ele. Podemos também ser profissionais mas para isso temos que nos dedicar a
este mundo em tempo integral. O segundo mundo é o mundo do amador inteligente
que se interessa pelo mercado de ações. Aqui uma pessoa pode obter um
rendimento bom ao longo dos anos dedicando, vamos dizer, uma noite por quinzena
ao assunto. Este amador, utilizando técnicas simples, não terá muita
dificuldade em ultrapassar a performance da média dos fundos.
É claro que muitos não resistirão as emoções
do dia a dia do mercado. Tudo bem, mas estes devem se conscientizar do risco
envolvido e só aplicar uma parte pequena de seus recursos totais em operações
mais especulativas.
Benjamin Graham
O pensamento do Benjamin Graham, um dos
fundadores da análise moderna de valores mobiliários (e pai das técnicas
de investimento em valor ou "value investment") permeia toda nossa
abordagem. Nos casos da Carteira Defensiva e da Carteira Agressiva (suspensa) a
ligação é direta: só modificamos suas estratégias quando a situação no Brasil,
ou limitações de dados assim exigem. Vamos relembrar as lições mais importantes
do mestre de investimento em valor para o pequeno investidor:
1.
Para se
garantir contra condições econômicas e financeiras adversas no futuro, divida
seu capital entre ações e renda fixa da primeira linha: quando a bolsa se comportar
mal a renda fixa, em geral, tem bom desempenho e vice-versa.
2.
Para minimizar
o risco de perda, diversifique-o entre um mínimo de 10 grandes empresas com boas
posições financeiras e com bons comportamentos passados.
3.
Para maximizar
a possibilidade de lucro, assegure uma boa e quantificável margem de segurança
entre o preço da ação e o valor da ação.
4.
No caso do
investidor defensivo, se ele comprar suas ações a preços compatíveis com suas
médias históricas, sua margem de segurança será garantida pela taxa normal de
crescimento de suas empresas que, no longo prazo, se refletirá nos preços de
suas ações.
5.
Para assegurar
que o preço médio de suas compras não divirja muito dos preços médios
históricos do mercado é necessário fazer compras espaçadas de valores iguais.
Por exemplo: se planejar investir R$5.000 em ações anualmente (que supõe um
valor igual aplicado em renda fixa), invista R$1.250 na mesma data a cada
trimestre (ou R$2.500 a cada semestre). Idealmente, este procedimento seria
mantido durante pelo menos 5 anos.
6.
O investidor
agressivo pode tentar aumentar sua margem de segurança, e em conseqüência seus
ganhos, através de uma estratégia de investir em empresas aparentemente
subvalorizadas.
O interesse de
muitos acionistas mal aconselhados se restringe às perspectivas de ganho de
capital (valor da venda menos valor da compra). Ignoram uma série de operações
à disposição de administrações de empresas que podem afetar, por bem ou por
mal, seus investimentos. Na verdade, dependendo de suas características, estas
operações, que discutiremos em seguida, podem trazer benefícios, infligir
prejuízos, ou ter efeitos praticamente inócuos. Nenhuma delas, no entanto, deve
ser ignorada.
Vimos:
·
O que são
ações?;
·
Quais são os
tipos de ações?;
·
O que são
dividendos?
Pode parecer óbvio que dividendos são bons, e
grandes dividendos melhores ainda. Não é necessariamente a verdade.
Se uma administração reduzir o percentual do
lucro pago em forma de dividendo (o "payout"), uma proporção maior do
lucro será reinvestida na firma. A firma, em conseqüência, crescerá mais
rapidamente, gerando no futuro mais lucro e dividendos do que antes.
Teoricamente, portanto, se uma administração conseguir um retorno maior,
reinvestindo o lucro que seria distribuído como dividendo, do que o acionista
poderia obter depositando este mesmo dividendo em um fundo ou outro
investimento, é melhor o acionista não receber o dividendo.
Na prática é possível que o acionista precise
de um dividendo regular, ou nem tenha condições de avaliar o retorno que a
empresa oferece. De qualquer maneira, se a empresa tiver lucro, a lei exige
pagamento de um dividendo. Mas é muito importante compreender o efeito de
níveis diferentes de payout de dividendo, e entender que um payout alto não é,
necessariamente, a melhor opção. Do ponto de vista da empresa, o nível de
payout depende de onde a firma se encontra em seu ciclo de vida.
Uma empresa em fase de forte expansão terá
grande necessidade de capital. Em conseqüência, provavelmente pagará um
dividendo pequeno. Em contrapartida, uma empresa madura, com forte geração de
caixa, será bem mais generosa.
Se uma empresa tem folga de dinheiro pode
aumentar o nível do dividendo. Mas também pode recomprar suas próprias ações na
bolsa (uma operação de "buyback") para cancelamento posterior. Esta
operação também beneficia o acionista porque tem o efeito de aumentar o preço
das ações que continuam no mercado (o mesmo lucro será distribuído entre menos
ações). Também provoca efeitos positivos secundários: manda sinais para o
mercado de confiança no futuro do negócio e de consideração para com os
interesses dos acionistas.
É claro que um buyback tem que ser uma
operação muito bem regulada para evitar a possibilidade de uma administração
tirar vantagem de sua posse de informações confidenciais. De fato, alguns
países proíbem o procedimento.
Vimos em o que é a bolsa de valores? que uma
empresa pode levantar novo capital acionário através de uma subscrição. A não
ser que seja definido o contrário no estatuto da empresa, os acionistas
existentes têm preferência na subscrição, na proporção das ações possuídas.
Como incentivo, o preço estabelecido para as novas ações é normalmente um pouco
menor que o preço na bolsa.
Se a subscrição representar uma percentagem
pequena do número de ações existentes (10% por exemplo), e o preço não for
muito diferente do preço negociado em bolsa, o efeito da subscrição será
pequeno. É uma forma relativamente indolor para o acionista aumentar um pouco
seu investimento na firma. E se não quiser subscrever ele não vai sofrer
nenhuma perda importante. Se, ao contrário, a subscrição representar, por
exemplo, uma quantidade equivalente a 100% das ações existentes, e o preço da
subscrição for uma metade do preço que o acionista existente pagou por suas
ações, o prejuízo, se não subscrever, é certo. Porque?
Porque o número de ações vai dobrar e ele vai
receber, de imediato, uma metade dos dividendos que receberia se não tivesse
existido a subscrição. Num prazo maior a situação melhora um pouco porque,
investindo o capital levantado pela subscrição, a empresa vai gerar maiores
lucros e dividendos. Mas mesmo assim nosso acionista antigo que não subscreve
vai sair perdendo: o novo acionista receberá estes mesmos dividendos após ter
investido uma metade por ação que o acionista antigo investiu.
O grande problema aqui é que o valor que o
antigo acionista teria que investir, para não sofrer "diluição" de
seus rendimentos futuros, é grande. No exemplo considerado, representa o atual
valor do total de seu investimento original. Aqui o pequeno investidor é o
maior prejudicado porque, ao contrário de uma instituição, normalmente não
possui reservas de caixa. O exemplo escolhido é intermediário entre as
condições estabelecidas nas recentes subscrições de Inepar e White Martins.
A Lei de Sociedades Anônimas estabelecem que
o preço da subscrição deve ser fixado "tendo em vista": "a
perspectiva de rentabilidade da firma"; "o valor patrimonial líquido
da ação"; e "a cotação da ação em bolsa". Mas principalmente
estipula que "o preço de emissão deverá ser fixada sem diluição
injustificada da participação dos antigos acionistas". Como pode ser
visto: mesmo que a intenção da Lei seja claríssima, há um campo amplo de
manobra para um advogado defender praticamente qualquer procedimento.
Bônus de subscrição, que dá o direito de subscrever
um determinado número de ações a um preço predefinido, e debêntures conversíveis,
títulos de renda fixa que podem ser convertidos
em ações quando, por exemplo, o preço da ação atingir um nível predefinido,
são fontes mais insidiosas de diluição de dividendos - se o acionista não
exercer seu direito de subscrever.
Bonificações
Bonificações são emissões de novas ações que têm, como contrapartida, uma transferência contábil. Tipicamente, lucros, ou reservas, são incorporados ao capital social da empresa. As novas ações são distribuídas grátis para os acionistas, na proporção das ações possuídas. Mesmo que, na teoria, pode-se distribuir uma bonificação em ações em lugar de dividendos, na prática uma bonificação não significa nenhuma aumento no valor real da participação do acionista. Uma bonificação de 50%, por exemplo, significa que o acionista recebe uma nova ação para cada duas ações possuídas.
Com 50% mais ações em circulação parece lógico que o preço da ação cairá para dois terços de seu valor original. Mas como a mente do investidor em bolsa nem sempre funciona logicamente não é isso que sempre acontece. E de fato, se a bonificação melhorar a liquidez do papel, pode até existir uma justificativa plausível para um aumento no preço da ação
Se a empresa aumentar o número de ações sem
uma contrapartida contábil, a operação se chama um desdobramento. Investidores
em bolsa gostam de preços numa certa faixa: um ou dois dígitos são
convenientes; decimais e três ou mais dígitos inconvenientes. Um preço
inconvenientemente alto pode ser o resultado do crescimento normal de uma empresa,
ou da inflação; o colapso de uma firma pode produzir um preço
inconvenientemente baixo.
Aumentando o número de ações sem alterar o
capital social, um preço alto por ação pode ser reduzido para o nível desejado.
O efeito de um desdobramento é idêntico à concessão de uma bonificação - só que
normalmente o número de novas ações é bem maior. Um desdobramento de 100%
significa que haverá duas vezes mais ações em circulação e que o preço da ação
teoricamente cairá para uma metade do seu preço antes da operação. E um
desdobramento de 1000% resulta em 11 vezes mais ações, produzindo um preço que
é um undécimo do valor anterior.
Durante épocas passadas de alta inflação os
preços nominais das ações subiam a níveis absurdos. Para corrigi-los, algumas
firmas efetuaram operações de desdobramento, outras não. A ridícula situação
atual na bolsa onde há, lado a lado, ações cotadas por um e por mil ações é
produto deste passado recente.
Um grupamento é o oposto de um desdobramento.
Uma queda persistente de uma ação, por exemplo, pode produzir uma situação que
requer um grupamento. O caso de Ferro Ligas, negociado por um ou dois centavos
por mil ações, é um bom exemplo de uma situação que clama por um grupamento.
Corretoras tradicionais: uma espécie em
extinção.
Para os pequenos investidores, as corretoras
tradicionais representam uma espécie em extinção. Para eles, pelo menos, não há
a menor dúvida que corretoras on-line representam o futuro. Vamos analisar suas
vantagens.
Linha direta.
Enquanto no passado o pequeno investidor
tinha que batalhar para passar sua ordem - contra a linha ocupada, contra o
tempo do atendente, contra o problema de se identificar, contra investidores de
maior importância - agora possui uma linha direta com a máquina.
Pode também, se ele preferir, mandar suas
ordens à noite, com calma, na véspera do pregão.
Informações
do pregão.
Antes da Internet era difícil para o pequeno investidor obter muito mais do que dados esparsos sobre uma ou outra ação pelo telefone da corretora durante o pregão. Ter uma idéia geral do mercado era impossível. Enquanto ainda há algumas limitações nos informações fornecidas on-line, entre os quais uma defasagem de 15 minutos nos dados é a mais séria, a situação melhorou em 1000%.
Notícias, análise e dados.
No passado, a grande maioria dos pequenos investidores não teve acesso a qualquer tipo de análise técnica séria através de sua corretora. Agora muitas corretoras usam a oferta de notícias e análise própria, ou de terceiros, para estimular a venda de seus serviços de corretagem.
Universalização do mercado.
No Rio e São Paulo
esquecemos que, na época pré-Internet, muitas pessoas morando no interior não
tinha nenhum acesso à bolsa. Não tinham nem bons jornais muito menos corretoras
por perto. Tudo isso mudou. Consideramos este fator da universalização de
acesso ao mercado o mais impressionante de todos.
Custo.
A possibilidade de corretoras on-line
atraírem maior número de pessoas (porque podem oferecer seus serviços para o
país inteiro e não somente à sua cidade) e processarem suas ordens por
computador deve permitir a redução de comissões num ambiente competitivo. Isso
sem falar na economia nos telefonemas dos pequenos investidores morando nas
cidades interioranas. É verdade que muitas corretoras tradicionais, embora não
ofereçam negociação on-line, possuem sites que fornecem dados e análise. Mas
isso não neutraliza a grande vantagem de seus colegas on-line nas outras áreas.
Entidades nebulosas no cíber-espaço aumentam a desconfiança.
Corretoras on-line não possuem desvantagens?
Possuem.
A principal destas é o fato psicológico de os investidores não tratarem diretamente com seres
humanos ou tijolos e cimento. É o fator confiança. Ninguém que tenha vivido no
Brasil nos últimos 30 anos tem razão para confiar irrestritamente em banco ou
corretora. Tratar com entidades nebulosas no cíber-espaço aumenta
consideravelmente o nível de desconfiança das pessoas. Outra desvantagem é a
questão de problemas e erros. Fica difícil ao pequeno investidor em Alagoas
tirar satisfações de seu corretor em São Paulo.
Na prática você está sozinho.
Como é que você vai escolher sua corretora?
Há 4 possíveis considerações: confiabilidade, serviços, custo e valor mínimo de
uma operação. De fato estas se reduzem rapidamente para três porque
praticamente nenhuma corretora estabelece, atualmente, um valor mínimo.
Idealmente, existiria uma agência de
"rating" que avaliaria todas as corretoras no mercado na base dos
quatro quesitos e que publicaria os resultados. Na prática você está sozinho e
tem que pesquisar. Mas vamos tentar pelo menos estabelecer bases para a
escolha.
Solidez x agilidade e foco.
A grande maioria de investidores não vai ter a menor idéia da situação financeira das instituições. Aqui os grandes bancos dispostos a concorrer no mercado levam vantagem. Ninguém vai se preocupar com a saúde de um Bradesco ou um Bozano, Simonsen, por exemplo. Pelo outro lado, os grandes bancos provavelmente não possuem a agilidade e o foco de uma corretora eficiente disposta a desbravar a nova fronteira financeira. Por enquanto o mercado é novo e as corretoras em campo são desconhecidas de seus clientes em potencial. Com tempo uma ou outra vai se destacar e criar uma reputação mais sólida (como a Charles Schwab ou a E-Trade nos Estados Unidos).
Mas é na área dos serviços que o investidor
deve concentrar sua atenção. Inclusive porque bons serviços ajudam a assegurar
a futura solidez da casa. Aqui o único jeito é acessar as corretoras on-line e
tentar fazer uma avaliação. Muitos sites fornecem uma demonstração de seus
serviços. A primeira coisa a observar é o tempo necessário para acessar o site
durante o pregão. Praticamente todas as corretoras utilizam o sistema Home
Broker "disponibilizado" pela Bovespa (parece que o Bradesco é uma
exceção).
Não conhecemos todos os detalhes do sistema
mas, como inclui o interface entre a Bovespa e as corretoras, significa que
deve haver uma convergência entre as operações oferecidas pelas diversas
corretoras.
Nos serviços de pregão não há escolha; nos
serviços de análise há alternativas
É útil separar os serviços diretamente associados com as transações
de compra e venda dos serviços das informações que subsidiam estas operações. Enquadra-se
no primeiro grupo a provisão de dados do pregão e a comunicação, execução e
registro das transações.
O segundo grupo abrange a análise de ações,
companhias, setores, mercados e a economia.
No caso dos serviços de compra e venda, após
optar por uma corretora, não há escolha. No caso dos serviços de análise o
investidor tem muitas outras alternativas, incluindo nosso próprio boletim.
Alias é bom procurar agentes neutros por que é do interesse da corretora
estimular compras seja a época propícia ou não (uma oferece até
"milhas"). Provavelmente você terá de se registrar como visitante
para obter uma idéia dos serviços de análise disponíveis.
Comissões de 1-2%, mas custodia pode sair
grátis.
Os custos envolvidos nas operações são
principalmente de dois tipos: a comissão paga ao efetuar uma compra ou venda, e
a taxa mensal de custódia. A primeira cai com o valor da operação e é,
tipicamente de 1-2%. Todas as corretoras visitadas tinham a mesma tabela. A
taxa de custodia varia de zero até R$20,00 por mês. Lembre-se também que há
incidência de Imposto de Renda se o valor total das vendas de um mês
ultrapassar R$4.143,50.
O investidor calcula 10% do ganho líquido
obtido no mês, após descontar qualquer saldo de prejuízos de meses anteriores.
O pagamento é efetuado até o fim do mês seguinte.
Só resta a burocracia.
Feita a pesquisa é só seguir as instruções no
site para se tornar cliente. Tipicamente você pode fazer um downloading do
cadastro/contrato que, após assinatura e reconhecimento da firma, é enviado
pelo correio. Uma vez aceito o cadastro, pode fazer um depósito através de um
DOC e começar a operar.
As operações e seu tempo de validade.
Comprar e vender ações através das corretoras
on-line é fácil: é só entrar no site, acessar a página apropriada, preencher os
dados e fazer um "clique". Mas antes é preciso fazer duas coisas:
acessar os dados do pregão disponíveis no site para ver o nível de preços e os
volumes sendo negociados; e decidir a forma da ordem a ser enviada, e por
quanto tempo deve vigorar.
Se o preço de compra ou venda estabelecido
não for alcançado pela ação, ou se não há mercado no papel (quer dizer, ninguém
tem interesse em vender ou comprar), a ordem não será concretizada durante o
pregão. Assim, para evitar a necessidade de renovar a ordem todo dia, o
investidor pode definir a manutenção da ordem até que seja realizada ou
cancelada por ele. A utilização de uma ordem "até cancelar" é muito
útil no caso de ações pouco negociadas, ou quando o preço desejado estiver
longe do preço atual. Uma ordem para somente um dia é apropriada quando o
investidor quiser reavaliar a situação do mercado todo dia antes de restabelecer
o preço de sua operação.
Existem quatro formas diferentes de ordens de
compra ou venda, mas de longe as mais utilizadas são as Ordens A Mercado e
Limitada. Vamos discuti-las uma por uma:
Ordem A Mercado.
Aqui o investidor não estipula o preço e,
tendo oferta, a operação de compra ou venda é efetuada o mais rápido possível
sob as condições de preço oferecidas no mercado.
A operação só deve ser empregada quando a
ação em questão for bastante negociada. Se existir somente meia dúzia de
transações por dia, o investidor corre o risco de obter um preço distante do
desejado. A grande vantagem desta operação, no entanto, é sua rapidez.
Ordem Limitada.
Numa operação Limitada, o investidor
estabelece o preço máximo que está preparado a pagar por uma ação (ou, numa
venda, o preço mínimo que aceita receber). Parece a melhor opção porque evita
sustos, mas nem sempre o é. O investidor pode estabelecer um preço que não foi
alcançado no pregão. Avaliou-se que seria importante efetuar uma compra no dia
em questão, por exemplo, dançou. No caso de papéis pouco negociados, no
entanto, é a única operação viável.
Ordem Stop.
Esta operação não é regulamentada pela bolsa
e depende de um acordo entre o investidor e a corretora. É pouco usada por
investidores iniciante mas é muito útil, especialmente para pessoas que
valorizam análise gráfica (ou "técnica"). Você pode projetar que uma
ação atingirá um preço máximo, caindo em seguida. Ou prever que, se uma ação
cair abaixo de um certo ponto, despencará. Ou ainda você pode querer fixar um
limite para qualquer prejuízo.
Estabelecendo este nível, nos dois casos,
como um Stop, a corretora é obrigada a emitir uma ordem de venda A Mercado
imediatamente que o preço for atingido. Não significa que a operação seja
efetuada, necessariamente, no preço Stop. Pode não haver mais oferta a este
preço. Mas, uma vez atingido o preço estipulado, a ordem deve ser cumprida na
primeira oportunidade. O raciocínio, no caso de uma operação de compra, é o
inverso. Você pode, por exemplo, prever uma reação forte se o preço cair para
um determinado nível, e querer garantir sua compra no movimento subseqüente.
Ordem Stop Limitada.
Esta operação, que é um refinamento da Ordem
Stop, também não é regulamentada pela bolsa. Na ordem Stop simples, discutida
no parágrafo anterior, quando o preço da ação chegar ao preço Stop
estabelecido, uma ordem A Mercado é emitida. No caso de uma operação Stop Limitada
uma ordem Limitada é emitida. Assim na ordem Stop Limitada dois preços são
definidos: o preço ao qual é emitida a ordem Limitada e o preço máximo da
compra (ou o preço mínimo da venda). Desta maneira é possível controlar melhor
a imprevisibilidade de uma ordem A Mercado.
AVALIAÇÃO DE AÇÕES
Os valores mobiliários, representados
por ações e debêntures,
são emitidos pelas Sociedades Anônimas de
acordo com aprovação prévia da CVM – Comissão de Valores Mobiliários. Cabe
à CVM o disciplinar a emissão e a fiscalização do mercado de negociações de
ações e debêntures.
A ação representa uma fração
do capital social de uma Sociedade Anônima,
sendo caracteristicamente definida como ativo de risco. A debênture,
por seu lado, representa um título de crédito cujos rendimentos são
calculados de maneira semelhante aos títulos
de renda fixa.
Todas as aplicações em valores
mobiliários equivalem, ao longo do tempo, a um problema de Matemática
Financeira, isto é, produzem fluxos de caixa mediante os quais é possível medir
a rentabilidade da operação.
1.
– AVALIAÇÃO DE AÇÕES
Identicamente às demais operações financeiras, na avaliação de ações é necessário se construir fluxos de caixa, isto é, os fluxos dos benefícios econômicos de caixa esperados.
Fundamentalmente, os benefícios
de caixa das ações são representados dividendos, parcela do lucro líquido que
as empresas distribuem aos seus proprietários periodicamente, e valorização
de sua cotação, ou seja, ganhos de capital promovidos pelo aumento dos preços
das ações
O preço que uma ação está
sendo normalmente negociada no mercado é denominado valor de mercado ou cotação.
O valor presente do fluxo de benefícios esperados de caixa, descontados a uma
dada taxa de juros (taxa de atratividade da aplicação), é definido por valor
teórico de mercado ou valor intrínseco de uma ação. Estes dois
valores são iguais caracteristicamente em condições de mercado eficiente.
As ações são consideradas
aplicações de renda variável, pois os seus benefícios de caixa (dividendos e
valorização) não são geralmente estabelecidos no momento da aquisição, variando
em cada período como resultado de diversos fatores.
1.1 – APLICAÇÕES EM AÇÕES
COM PRAZO DETERMINADO
Para o caso mais simples de uma aplicação financeira em ação por determinado período no qual não está prevista a distribuição de dividendos, o fluxo de caixa pode ser estabelecido a partir da seguinte representação gráfica:
Entradas de caixa
(Benefícios)
Pn
0
1(período)
P0
Saídas de caixa
(Aplicação)
P0 =
preço de mercado (aquisição) da ação em t0. Pode também representar
o valor presente (PV) do fluxo de benefícios esperados de caixa;
Pn =
preço de mercado esperado no momento da venda da ação.
A expressão de cálculo assume a forma seguinte:
onde k representa
a taxa de desconto da operação, ou seja, a taxa de retorno periódica exigida
pelo investidor.
1. Admita uma ação cujo valor de
mercado atinja, em determinado momento $ 15,00. Sendo de 5% ao mês a taxa de
retorno exigida por um investidor:
a. demonstrar a atratividade da compra dessa ação pelo investidor prevendo-se
que o seu preço de mercado suba para $ 16,00 ao final de um mês;
b. se o
investidor estimar que o preço de mercado dessa ação irá alcançar o valor de $
15,50 ao fim de um mês, qual o preço máximo que ele poderia pagar hoje de
maneira que apure um retorno mínimo de 5% ao mês?
P1 = $ 16,00
0 1
(mês)
P0 = $ 15,00
Þ Þ 1 + k = Þ k = 6,67%
O rendimento produzido nesta situação esperada atinge 6,67% no período,
marca superior à taxa de retorno exigida pelo investidor de 5%. Logo, a
alternativa de aplicação, considerando os benefícios esperados de caixa, é
economicamente atraente.
b.
P1
= $ 15,50
0 1 (mês)
P0 = ?
P0 = $ 14,76 / ação
O preço máximo que o investidor poderia pagar pela ação, de forma a obter a
rentabilidade mínima desejada de 5 % ao mês, é de $ 14,76. Logo, diante das
expectativas de valorização da ação, o preço atual de mercado de $ 15,00 é alto
para o investidor, não sendo atraente a sua compra.
Para a alternativa de aplicação financeira em ação por determinado período n, no qual são previstos pagamentos de dividendos, tem-se a seguinte representação gráfica:
Pn
Dn
D1 D2 D3 D4 D5
0
P0
sendo: D1, D2, D3, ......, Dn
os dividendos previstos de serem recebidos ao longo do período de aplicação.
A identidade básica de
avaliação dessa situação, adotando-se sempre o conceito de fluxo de caixa
descontado, apresenta-se da forma seguinte:
Genericamente, tem-se:
Admita que um investidor tenha projetado em $ 0,70 e $ 1,00 os dividendos por ação a serem pagos, respectivamente, ao final de cada um dos próximos dois semestres. Tendo sido estimado, ainda, em $ 20,00 o valor de venda ao final do segundo semestre, e definida em 10% a.s., a taxa de retorno exigida pelo investidor para esta aplicação, pede-se:
a.
determinar o valor máximo a ser pago hoje por essa
ação de forma que o investidor apure um retorno equivalente a 10% ao semestre;
b.
estando a cotação da ação atualmente fixada em $
19,50, calcular a rentabilidade que se obteria na aquisição dessa ação
respeitando-se as demais condições estabelecidas no exemplo.
Como montar uma carteira de ações
Por Juliana
Rosa e Maria Teresa Carneiro
O investidor Luiz Peçano
tem na ponta da língua as principais regras para montar uma carteira de investimento
em ações. "O principal componente desse jogo é a liquidez", fala com a experiência de quem
aplica há 33 anos na Bolsa de Valores. E ele está certo. Os analistas recomendam
ter sempre em mãos papéis mais fáceis de ser vendidos, que normalmente são
os mais procurados. Alguns de curto prazo acreditam que os papéis
de maior liquidez são mais importantes em carteiras– de um a
três meses. Outros acham que, as carteiras de longo prazo – de seis meses
em diante – até podem ter ações menos negociadas, mas também não podem faltar
as ações de maior liquidez.
Peçano revela, ainda,
que é importante também não concentrar os investimentos em apenas uma ação ou
setor. "Nunca aplico em um só setor ou ação mais do que 15% ou 20% do
total de investimento", revela Peçano. O gestor de renda variável da Máxima
Asset Management, Raphael Camara, assina embaixo e ressalta o limite de 15%.
Ele diz que essa regra vale, principalmente, para as carteiras de curto prazo.
"Diversificar é fundamental para diluir riscos", atesta Gustavo
Alcântara, analista do Banco Prosper, que acredita que a regra também se aplica
às carteiras de longo prazo.
Quando o assunto é as
dicas na hora de montar uma carteira, as opiniões dos analistas variam muito,
mas há alguns pontos que são indicados pela maioria, como liquidez e
diversificação. Para uma carteira de curto prazo, os especialistas recomendam
ainda observar sempre o movimento do mercado. De acordo com Gustavo Alcântara,
analista do Banco Prosper, é necessário estar atento aos setores que têm
potencial de alta naquele momento. Por exemplo, os papéis de telefonia sofrem
grande influência da Nasdaq, a bolsa norte-americana de tecnologia, e,
geralmente, caem quando a Nasdaq apresenta desvalorização. No entanto, num
momento de reação da bolsa de tecnologia, tendem a acompanhar a alta. "É
necessário estar atento às notícias em relação às empresas, setores e em
relação à própria Bolsa", sugere Alcântara.
Segundo a analista do
Banco Brascan, Clarissa Saldanha, além das mais líquidas, também são indicadas
para carteiras de curto prazo as ações de empresas que estejam passando por
algum momento importante, como privatização – o que é o caso da Cemig e da
Copene - ou reestruturação societária, como é o caso da Vale do Rio Doce. Ela
faz questão de lembrar, no entanto, que as carteiras de curtos prazos são apostas
de alto risco.
Cenário econômico deve ser avaliado
"É fundamental
analisar primeiro o cenário macroeconômico para verificar se é um bom momento
para estar em bolsa", diz Camara, da Máxima. "Para os que preferem
fazer operações de day trade (compra e venda de uma mesma ação num mesmo dia),
por exemplo, é necessário olhar o cenário para aquele dia, incluindo o
comportamento das bolsas lá fora, e o mercado de juros e dólar e também se será
divulgado algum indicador econômico importante", ensina.
Alcântara também sugere
que o investidor de curto prazo estabeleça limites para o prejuízo. "É
necessário fazer isso só em caso de perdas e não para os ganhos. Por exemplo,
se o investidor comprou um papel a R$ 100, estabelece que tolera um prejuízo
até R$ 90, dependendo de cada um. Se o papel sobe para R$ 110, ele continua com
a ação e estabelece um novo limite de perdas, de R$ 105, por exemplo, acima do
investimento inicial", explica Alcântara. Já Raphael Camara, da Máxima,
sugere que seja definido um limite tanto para ganhos quanto para perdas nas
carteiras de curto prazo.
Os analistas também
explicam que, nas carteiras de curto prazo, os investidores devem olhar
análises gráficas para saber o melhor momento de entrar na Bolsa, mas também
não devem esquecer das análises fundamentalistas, que mostram o potencial de
crescimento de cada setor e empresa.
Quem faz aplicações de curto prazo deve se
proteger
O diretor da corretora
Diferencial, Zulmir Tres, ensina que quem escolhe aplicações de curto prazo
deve sempre se proteger, fazendo um hedge no mercado futuro, comprando opção ou
aplicando no Índice Bovespa. Já o analista técnico Jayme Ghitnick não sugere
aplicações no mercado à vista para o curto prazo. Segundo ele, os que preferem
aplicações de períodos mais curtos devem optar direto pelo Índice Futuro ou
Opções.
Já para quem tem tempo
de esperar o retorno, os especialistas indicam a compra também de papéis que
não sejam tão procurados, mas com boas perspectivas. De acordo com Camara, no
longo prazo, não é tão importante olhar o papel dentro do setor com o preço
mais barato. "O fato de uma empresa ter um preço sobre lucro maior do que
outras compensa se ela tiver melhores perspectivas de crescimento no longo
prazo", explica.
Os analistas dizem que o
longo prazo é o caminho do bom investimento em ação. "Quem quer ter um bom
retorno investindo em ações deve pensar no longo prazo. No curto prazo, as
perdas não se diluem. Estourando uma crise de repente, o investidor que não
quer esperar pode perder muito dinheiro. É pura aposta", explica Clarissa,
do Brascan.
Por Juliana Rosa e Maria Teresa Carneiro
Para
o curto prazo
As
carteiras de curto prazo devem ser recheadas de papéis com grande liquidez;
Não se
deve concentrar os investimentos em apenas uma ação ou setor mais do que
15% ou 20% de toda a aplicação;
Observar
sempre o movimento do mercado para verificar quais os setores que têm
potencial de alta no momento da aplicação;
Nas
operações de day trade, procurar saber se está para ser divulgado algum
índice que possa influenciar as bolsas de valores; além de acompanhar as
bolsas no exterior e o mercado de juros e dólar
Apostar
em ações de empresas que estejam passando por algum momento importante, como privatização
ou reestruturação societária;
Estabelecer
limites de prejuízo;
Olhar análises
gráficas para saber o melhor momento de entrar na Bolsa;
Consultar
as análises fundamentalistas, que mostram o potencial de crescimento de
cada empresa e setor;
Proteger-se,
fazendo hedge no mercado futuro, comprando opção ou aplicando no Índice
Bovespa.
Para
o longo prazo
A
carteira até pode ter ações menos negociadas, mas também não podem
faltar as ações de maior liquidez;
Também é
importante diversificar as aplicações por empresas e setores para diluir
os riscos;
Escolher setores
promissores e papéis sólidos;
Procurar
saber se as empresas pagam bons dividendos;
Olhar análises
fundamentalistas e gráficas para saber o melhor momento de comprar.
As
mais indicadas pelos analistas para o longo prazo
Petrobras,
Vale do Rio Doce, Gerdau, Votorantim, Telemar, Cemig, Copene, Copel, Cesp,
Eletrobrás, Aracruz Celulose, Brasil Telecom, Sadia, Perdigão, Itaú, Banespa,
Pão de Açúcar, Souza Cruz, Unipar, Tele Nordeste Celular (PN) e Tele Centro
Sul.
Obs: No curto prazo,
os analistas preferem não fazer apostas, mas citaram Petrobras, Vale do Rio
Doce, Telemar, Itaú e Votorantim.