Entenda o famoso Hedge
Por Julio Brant
Repórter,
InvestShop.com
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do "Entenda o Famoso"
Todo investidor que se preze tem medo do risco que uma operação possa trazer. Não importa o tipo ou o volume. O fato é que, mesmo sendo mínimo, há sempre um risco para quem investe. Por isso, é importante que o investidor saiba que há formas de se proteger e diminuir a possibilidade de ser pego de surpresa por algum revés da economia. Uma das operações mais usadas e mais eficientes para proteção de investimento é o hedge.
Numa tradução literal do inglês, “hedge” quer dizer “cerca”. Na prática, é uma forma de proteger uma aplicação contra as oscilações do mercado. “O hedge significa menos risco para a posição do investidor, seja ela qual for”, explica Antônio Gonçalves, economista e professor do Instituto Bennet, do Rio de Janeiro. Antônio ressalta que, apesar de ser muito usado em operações cambiais, o hedge é também muito comum na proteção de preço de commodities. “Principalmente as agrícolas, que têm fortes oscilações de preços”, diz.
Antônio afirma que o investidor que faz um hedge admite que está assumindo uma posição de risco e que pode não ganhar tudo aquilo que espera. “Mas, pelo menos, ele se protege e não perde tudo. Há operações tão arriscadas que o investidor pode até ser obrigado a colocar mais do que investiu”, alerta.
Os operadores e analistas do mercado, em geral as pessoas mais acostumadas com esse tipo de operação, costumam usar a expressão “hedgiar” ou “fazer um hedge”. Isso significa que estão montando estratégias de proteção para diminuir o risco. As operações de hedge devem constar no regulamento dos fundos de investimentos. Portanto, se o investidor observar qualquer menção a esse tipo de operação, deve saber que o gestor do fundo está fazendo operações muito arriscadas e que está tomando providências para reduzir os riscos dessas operações.
Em geral, as
operações de hedge são realizadas na BM&F
(Bolsa de Mercadorias & Futuros). Digamos que uma empresa tenha dívidas
em dólar, e queira se prevenir de eventual alta da moeda norte-americana.
Ela vai a BM&F e compra
um contrato de dólar futuro, garantindo que, em determinada data, poderá comprar
determinada quantia de dólares a determinada cotação. Se o dólar ultrapassar a cotação fixada,
a empresa estará protegida, pois terá direito a comprar a moeda a um preço
mais baixo. Operações como essa na BM&F,
no entanto, têm um custo. Por isso, só são feitas por empresas ou bancos.
Veja o exemplo de como fazer uma simples
operação de hedge:
Mas há alguns
tipos de hedge que o pequeno investidor pode fazer, sem precisar recorrer
a BM&F. Suponhamos que uma família vá fazer uma viagem ao exterior e debite
a maioria de suas despesas em cartão de crédito. Como qualquer gasto no exterior
é calculado em dólar pela administradora, o valor das contas virão indexadas
à variação da cotação
dessa moeda. Para se proteger de qualquer crise cambial, o investidor calcula
em média quanto gastará em sua viagem e compra o mesmo valor em dólar ou simplesmente
aplica o dinheiro num fundo cambial (atrelado ao dólar). Ao retornar da viagem,
pode vender os dólares comprados e, com o equivalente em reais, pagar sua
fatura. Assim, ele livra-se do risco de uma crise cambial, com desvalorização
da moeda nacional, no nosso caso o Real.
Veja agora como o produtor agrícola faz para
“hedgiar” sua safra:
Vamos dizer que um produtor de milho esteja planejando sua colheita para daqui a quatro meses. No entanto, ele não sabe a que preço vai estar o produto naquela época. Para evitar que perca muito, caso haja uma queda brusca de preço, ele compra uma opção de venda. Com isso, garante que vai vender o produto a determinado preço, em determinada data. Essa opção de venda protege o produtor contra as fortes oscilação do preço do produto no mercado. Mas, caso o preço do milho ultrapasse o preço fixado na opção de venda, o produtor não é obrigado a exercer a operação. Isso é uma forma de hedge.
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