Entenda o famoso Índice Beta
Por Julio Brant
Repórter,
InvestShop.com
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do "Entenda o Famoso"
Para que você conclua uma análise de determinada
empresa é preciso ter em mãos dados sobre seu desempenho no mercado. Saber
com que freqüência é negociada, e o volume dessa negociação, são pontos básicos.
No entanto, há uma medida muito importante que determina a sensibilidade das
ações de uma empresa em relação ao índice a que estão atreladas. O índice,
no caso do Brasil, é o Ibovespa.
E essa medida é conhecida como beta, simbolizado pela letra grega b.
Em geral, o beta reflete o comportamento
do papel em relação ao Ibovespa nos
últimos 18 meses de operação. No entanto, ele pode ser calculado em qualquer
período. "Podemos calcular o beta dos últimos três meses. Entretanto,
a análise se torna mais completa quando olhamos para um horizonte mais longo",
explica André Luiz Rodrigues, gestor de Renda Variável da Máxima Asset
Management.
A função básica do beta é ser um
indicador de riscos. "O beta pode ser classificado como agressivo (quando
é maior que 1); neutro (igual a 1) e defensivo (menor que 1). Dessa forma, o
investidor pode ter uma noção de qual será a tendência de comportamento do
investimento", classifica André.
Para que você entenda melhor como o beta
funciona, veja o exemplo:
Se uma ação se comporta exatamente como o
Ibovespa, dizemos que ela tem beta=1. Se a ação variar mais que o Ibovespa, mas
no mesmo sentido, ela terá beta>1 (beta maior do que um). Se variar menos,
mantendo o mesmo sentido, o beta será menor do que um (beta < 1). Uma ação
com beta muito maior do que 1, por exemplo, tende a subir mais que o Ibovespa
quando este está em alta. Em compensação, tende a cair mais quando há baixa na
bolsa.
No fim das contas, a escolha é sempre do
investidor, mas é preciso estar alerta. "O investidor pode optar por
qualquer um dos tipos, mas ele tem que estar consciente de que, no caso de um
beta agressivo, ele pode ganhar muito, mas perder com a mesma intensidade.
Em momentos de alta volatilidade, como
agora, um papel agressivo pode levar o investidor à loucura", alerta
André.
EMPRESA |
BETA (b)
- 18 meses |
Empresa "A" |
1,50 |
Empresa "B" |
1,01 |
Empresa "C" |
0,42 |
Supomos que as ações das empresas do quadro
acima sejam negociadas na Bovespa e, portanto, estejam atreladas ao Ibovespa. A empresa "A" pode ser
classificada como um investimento agressivo, pois o valor de sua ação pode
oscilar, em média, 50% do Ibovespa.
Nesse caso, o investidor pode obter ganho altíssimo, entretanto seu risco
cresce na mesma proporção.
Já a empresa "B", pode ser classificada
como beta neutro, ou seja, ela não foge muito do resultado apresentado pelo
índice e vai estar sempre seguindo mais ou menos o Ibovespa. E a "C" é considerada um
investimento de perfil mais defensivo, pois a probabilidade de o papel ter
grandes oscilações é pequena.
Vale lembrar que o Beta é utilizado como
parâmetro para qualquer índice, não só o Ibovespa.
Basta que para isso, as ações da empresa estejam sendo negociadas por esse
índice. Exemplo, se fosse nos Estados Unidos, o índice utilizado seria o Dow
Jones ou o Nasdaq (para
as ações de tecnologia); na Argentina, o Merval; e no Japão, o Nikkei.
Na seção Raios X do InvestShop.com,
você encontra o beta de todos os papéis negociados na Bolsa de Valores de São
Paulo.